É tempo de lembrar direito

segunda-feira, 8 de agosto de 2011
Boa noite Blogueiros,

Tudo bem com vcs?
Saudade de escrever e não, não tô tendo tempo pra nada nessa vida. Parece que desde que voltei de viagem as coisas perderam o controle. Não consigo finalizar meus prazos, não consigo rever todos os amigos, ainda não apareci na Academia de Dança.
Aff... uma correria louca!!!!!
Mas tudo bem, a vida segue.

Então, acho que já notaram minha nova paixão: MARTHA MEDEIROS.
Nada dotado de cunho sexual, mas sim, espiritual, intelectual, emocional, tragicômico, de tudo um pouco! rs. Às vezes me pego pensando: Oooh meu pai, que mulher é essa?!!?

Martha Medeiros é a escritora com quem mais me identifico atualmente. É ela quem me descreve com extrema precisão e detalhe, sobre o que penso, sinto e acredito, a ponto de me assustar. O cargo era presidido com certa excluisividade por Clarice Lispector, mas preciso abrir um espaço todo especial pra Martha.


Martha Medeiros

Semana passada foi o niver de uma amigona, e pra mim, livro é sempre um presente maravilhoso! Resolvi comprar o livro de crônicas "Doidas e Santas" para presenteá-la, e acabei comprando pra mim o romance "Fora de Mim". Num próximo post quero falar desse livro, que é perfeito! Mas hoje, só quero compartilhar e comentar mais uma crônica com vcs.

"LEMBRANÇAS MAL LEMBRADAS

A maioria dos nossos tormentos não vem de fora, está alojada na nossa mente, cravada na nossa memória. Nossa sanidade (ou insanidade) se deve basicamente à maneira como nossas lembranças são assimiladas. "As pessoas procuram tratamento psicanalítico porque o modo como estão lembrando não as libera para esquecer". Frase do psicanalista Adam Phillips, publicada no livro "O flerte".

Como é que não pensamos nisso antes? O que nos impede de ir em frente é uma lembrança mal lembrada que nos acorrenta no passado, estanca o tempo, não permite avanço. A gente implora a Deus para que nos ajude a esquecer um amor, uma experiência ruim, uma frase que nos feriu, quando na verdade não é esquecer que precisamos: é lembrar corretamente. Aí, sim: lembrando como se deve, a ânsia por esquecimento poderá até ser dispensada, não precisaremos esquecer de mais nada. E, não precisando, vai ver até esqueceremos.

Ah, se tudo fosse assim tão simples. De qualquer maneira, já é um alento entender as razões que nos deixam tão obcecados, tristes, inquietos. São as tais lembranças mal lembradas.

Você fez 5 anos, sonhava ganhar a primeira bicicleta, seu pai foi viajar e esqueceu. Uma amiga íntima, que conhecia todos os seus segredos, roubou seu namorado. Sua mãe é fria, distante, e percebe-se que ela prefere disparadamente sua irmã mais nova. E aquele amor? Quanta mágoa, quanta decepção, quanto tempo investido à toa, e você não esquece - passaram-se anos e você, droga, não esquece.

Essas situações viram lembranças, e essas lembranças vão se infiltrando e ganhando forma, força e tamanho, e daqui a pouco nem sabemos mais se elas seguem condizentes com o fato ocorrido ou se evoluíram para algo completamente alheio à realidade. Nossa percepção nunca é 100% confiável.

O menino de 5 anos superdimensionou uma ausência que foi emergencial, não proposital.

Você nem gostava tanto assim daquele namorado que sua amiga surrupiou (aliás, eles estão casados até hoje, não foi um capricho dela).

Sua mãe tratava as filhas de modo diferenciado porque cada filho é de um modo, cada um exige uma demanda de carinho e atenção diferente, o dia que você tiver filhos vai entender que isso não é desamor.

E aquele cara perturba seu sono até hoje porque você segue idealizando o sujeito, recusa-se a acreditar que o amor vem e passa. Tudo parecia tão perfeito, ele era o tal príncipe do cavalo branco sem tirar nem pôr. Ajuste o foco: o coitado foi apenas o ser humano que cruzou sua vida quando você estava num momento de carência extrema. Libere-o desta fatura.

São exemplos simplistas e inventados, não sou do ramo. Mas Adam Philips é, e me parece que ele tem razão. Nossas lembranças do passado precisam de eixo, correção de rota, dimensão exata, avaliação fria - pena que nada disso seja fácil. Costumamos lembrar com fúria, saudade, vergonha, lembramos com gosto pelo épico e pelo exagero. Sorte de quem lembra direito."

Martha Medeiros
Gente, fico impressionada com o que Martha Medeiros escreve.
Hoje levei mais uma rasteira da vida, mas foi bom, bom pra "lembrar direito".
Na última sexta-feira, ao abrir os convites de MSN levei um susto. Adivinha quem me add???

Isso mesmo meu bem, o ex.

Primeira reação: Surpresa.
Segunda reação: Dúvida. Afinal, o que ele quer comigo?
Terceira reação: Medo.
Quarta reação: Ausência de reação, hahaha.

O fds de semana passou e eu não tomei atitude alguma nesse particular. Preferi deixar o convite em aberto, e esperar minhas ideias se organizarem. Hoje, depois de falar com a Dra. Jolie, decidi que seria melhor esperar um pouco. Resolvi deixar o convite em aberto, até que me fizeram "lembrar direito".

Oooooo ser #$%¨&*!@#$$%!

Gente, pois vcs não acreditam que o ex, desde os tempos do namoro, vivia tecendo comentários impróprios, inadequados, inoportunos sobre mim, sobre o relacionamento e sobre nossa intimidade para os amigos, ex namoradas/peguetes/piriguetes e compania ilimitada!??!?!

Que ÓDIO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Puta que pariu! Como fui tão estúpida! Como fui tão idiota, tola, crédula, imbecil e cega de amor assim????? Me explica isso, porque não consigo entender!

Sinceramente, eu não reconheço a pessoa com quem dividi meu tempo, entreguei meu coração e minha alma, os meus sonhos, projetos, anseios, desejos, tudo. Tudo. Quem é vc ex???? Eu nunca te conheci! Como pode ser isso? Como nunca vi quem vc realmente era??!?? Como isso é possível????

Depois de saber tudo que ele andou falando, fazendo e me difamando, mais do que depressa rejeitei o maldito convite no MSN. E, Deus me livre dessa hora, mas caso surja outra coisa, outro convite, qualquer tipo ou tentativa de aproximação, quero e vou continuar rejeitando tudo, sem pensar duas vezes.

Olha, dia após dia descubro que me relacionei com um estranho; com uma pessoa que aparentava ser algo, mas que na verdade é totalmente o oposto de tudo o que eu pensei.

Mas foi bom saber disso. Melhor saber a verdade do que continuar enganada, iludida, enfeitiçada ou acreditando numa mentira. E é nisso que a crônica "Lembranças mal lembradas" se encaixa com perfeição.

De fato, o que nos impede de ir em frente é uma lembrança mal lembrada que nos acorrenta no passado, estanca o tempo, não permite avanço.

A medida que nossas lembranças do passado encontram seu eixo, correção de rota, dimensão exata, avaliação fria, liberta do gosto pelo épico e pelo exagero, é que lembramos direito. E é assim que tenho enxergado agora.

Enxergado não, lembrado direito.

Bjo, bjo

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