1 A interferência do tempo e o Amor tranquilo, com sabor de fruta mordida.

quarta-feira, 27 de julho de 2011
A INTERFERÊNCIA DO TEMPO (Martha Medeiros)


Há quem diga que o tempo não existe, que somos nós que o inventamos e tentamos controlá-los com nossos relógios e calendários. Nem ousarei discutir essa questão filosófica, existencial e cabeluda. Se o tmepo não existe, eu existo. Se o tempo não passa, eu passo. E não é só o espelho que me dá a certeza disso.

O tempo interfere no meu olhar. Lembro do colégio em que estudei por mais de uma década, meu primeiro contato com o mundo fora da minha casa. O pátio não era grande - era colossal. Uma espécie de superfície lunar sem horizontes à vista, assim eu o percebia aos sete anos de idade. As escadas levavam ao céu, eu poderia jurar que elas atravessavam os telhados. Os corredores eram passarelas infinitas, as janelas pareciam enormes portões de vidro, eu me sentia na terra dos gigantes. Volto, depois de muitos anos, para visitá-lo e descubro que ele continua sendo um colégio grande, mas nem o pátio, nem os corredores, nem as escadas, nada tem o tamanho que parecia ter antes. O tempo ajustou minhas retinas e deu proporção as minhas ilusões.

A interferência do tempo atinge minhas emoções também. Houve uma época em que eu temia certo tipo de gente, aqueles que estavam sempre a postos para apontar minhas fraquezas. Hoje revejo essas pessoas, e a sensação que me causam não é nem um pouco desafiadora. E mesmo os que amei já não me provocam perturbação alguma, apenas um carinho sereno. Me pergunto como é que se explica que sentimentos tão fortes como o medo, o amor ou a raiva se desintegrem. Alguém era grande no meu passado, fica pequeno no meu presente. O tempo, de novo, dando a devida proporção aos meus afetos e desafetos.


Talvez seja essa a prova da sua existência: o tempo altera o tamanho das coisas. Uma rua da infância, que exigia muitas pedaladas para ser percorrida, hoje é atravessada em poucos passos. Uma árvore, que para ser explorada exigia uma certa logística - ou ao menos um "calço" de quem estivesse por perto e com as mãos livres -, hoje teria seus galhos alcançados num pulo. A gente vai crescendo e vê tudo do tamanho que é, sem a condescendência da fantasia.

E ainda nem mencionei as coisas que realmente foram reduzidas: apartamentos que parecem caixotes, carros compactos, conversas telegráficas, livros de bolso, pequenas salas de cinema, casamentos curtos. Todo aquele espaço da infância, em que cabia com folga nossa imaginação e inocência, precisa hoje se adaptar ao micro, ao mínimo, a uma vida funcional.

Eu cresci. Por dentro e por fora (e, reconheço, pros lados). Sou gente grande, como se diz por aí. E o mundo à minha volta, à nossa volta, virou uma aldeia, somos todos vizinhos, todos vivendo apertados, financeira e emocionalmente falando. Saudade de uma alegria descomunal, de uma esperança gigantesca, de uma confiança do tamanho do futuro - quando o futuro também era infinito à nossa frente.
Boa Noite Blogueiros,

Confesso que estou aficcionada por Martha Medeiras. Levei um livro de crônicas na viagem e o devorei rapidamente. A-d-o-r-e-i!

Gostei da forma simples, direta, mas não menos poética em que essa maravilhosa escritora trata temas cotidianos, porém, pertubadores.

Me identifiquei tanto! rs. Voltei com o livro todo riscado, cheio de pequenas anotações, nomes, datas, cidades por onde passei e as emoções afloradas e registradas a cada folha virada.

A "Interferência do Tempo" foi perfeita para mim. De fato, o tempo ajustou minhas retinas e deu proporção as minhas ilusões, o tempo realmente altera o tamanho das coisas, e a medida que crescemos vemos tudo do tamanho que é, sem a condescendência da fantasia. Eu cresci. Por dentro e por fora. Cresci muito.

Hoje, organizando algumas coisas no meu quarto, encontrei um livro que ganhei do ex, "O Pequeno Príncipe" em francês! E com todas as aquarelas! Deus sabe o quanto adorei esse mimo... Mas desde o término não encostei no livro.

Eu escondi tantas coisas que me lembravam esse amor, porque eu simplesmente não conseguia ver nada que me trouxesse a memória aquilo que eu só queria esquecer, e hoje, com o livro em mãos eu precisei enfrentar esse medo.

Logo ao abrir, caiu uma carta que estava guardada ali. Foi o segundo calafrio em menos de 5 minutos, rsrsrs. E sim, eu li. Li a dedicatória e li a carta, repetidas vezes e foi incrível!

Hoje, passados quase 5 meses desde o término eu me enfrentei, e me surpreendi. Pela primeira vez, eu vi que realmente nos amamos no passado. Eu amei o ex loucamente e fui correspondida! Não era uma mentira, não era uma invenção minha, não era quimera, era real.

Era real, só acabou. Foi eterno enquanto durou. Foi intenso, obsessivo e doentio sim, mas foi a melhor coisa que me aconteceu e a pior também, rs. Ele mudou a minha vida. Eu me transformei por ele e para ele e sei também, que ele mudou por mim. A gente se adapta ao outro num relacionamento. Se vc gosta, vc tenta, se dedica, e às vezes consegue muito mais do que deveria, rs.

Apesar dos calafrios e do medo momentaneo eu fiquei tão feliz. Feliz pela constatação de que amei e fui amada, e que por um tempo deu certo, depois não mais.

Não perdurou, é verdade, mas foi amor. Foi amor.

Ver, saber e sentir isso e ainda assim, ter paz é minha maior conquista.
Eu cresci tanto. Eu mudei tanto. Eu amadureci. E eu preciso repetir, rs, o tempo ajustou minhas retinas e deu proporção as minhas ilusões, o tempo realmente altera o tamanho das coisas, e agora vejo tudo do tamanho que é, sem a condescendência da fantasia.

Confesso que preferia ver o mundo cor-de-rosa, pois quando ingênua e crédula, era mais fácil sonhar. Amar como eu amei, eu não quero nunca mais. Não assim, sem juízo e equilíbrio. Não mais avassalador. Não mais destruidor. Nada de céu e inferno ao mesmo tempo.

Agora, só quero "a sorte de um amor tranqüilo, com sabor de fruta mordida. Nós na batida, no embalo da rede, matando a sede na saliva" (Cazuza).

É isso ae galera, é a vez do amor tranquilo, com sabor de fruta mordida...

Bjo, bjo

PS: Sei que repeti a crônica, mas é que ela é perfeita demais pra situação. Não dava pra não usar.

0 E eu me descubro alguém incrivelmente feliz!

terça-feira, 26 de julho de 2011
"Em alguns dias ensolarados, você se sentirá inesperadamente triste, e alguns temporais vão trazer a você muita esperança." (Martha Medeiros)

Boa noite queridos blogueiros,

Fim de férias, retomada das atividades rotineiras e escrever no blog é uma necessidade urgente.

Muitas coisas aconteceram nesse tempo "out". Infelizmente meu note pifou no meio da viagem e fiquei meio incomunicável, virtualmente falando. Voltei para o Brasil e depois de dias, meu lindo e amado irmão, enfim, conseguiu solucionar os problemas técnicos do note. Tudo certo agora. Oba!

Gente do céu, tanta coisa aconteceu nesse tempo, que nem sei por onde começar! Mas penso que sintetizar o que aconteceu no meu coração é o que mais importa nesse primeiro momento de compartilhamento com vcs.

Pois bem, voltei e agora é tudo novo.
Um novo começo. Uma nova história. Um novo coração. Uma nova vida. Uma nova Sara Caroline. Um novo EU.

Durante a viagem, eu me descobri alguém incrivelmente feliz.
Na verdade, não sei explicar como, mas a medida que o tempo passava mais alegria e regozijo eu sentia no meu coração.

Foi a realização de um grande sonho, acompanhada da mudança do meu interior.
Sou outra pessoa, ou pelo menos é assim que me sinto, e é isso que importa, até porque, finalmente encontrei a paz e a alegria que tanto busquei!

Paris é uma cidade mágica e foi o cenário inicial dessa mudança.

Foi em Paris que senti uma paz e uma alegria que pensei nunca mais sentir, mas graças a Deus pensei errado... E dia após dia, essa alegria foi tomando conta de mim, por inteiro, e é assim que me sinto agora: FELIZ!

FELIZ como nunca pensei que poderia ser!

Estou feliz e sinto que me basto, e eu nunca achei que me bastasse. Isso é INCRÍVEL!!!!!!!!! rsrsrs

Agora, só quero manter esse sentimento, de alegria e paz, abundante e plena. A plenitude de Sara Caroline!

Vou finalizar o post, pois preciso sair agora, e não dá pra deixar o blog abandonado assim. Morro de saudade dos meus queridos blogueiros, que comentam sempre.

Fico por aqui, em breve tem mais!

Bjo, bjo

0 Ah Paris...

domingo, 10 de julho de 2011
"Ah, e dizer que isto vai acabar, que por si mesmo não pode durar. Não, ela não está se referindo ao fogo, refere-se ao que sente. O que sente nunca dura, o que sente sempre acaba, e pode nunca mais voltar. Encarniça-se então sobre o momento, come-lhe o fogo, e o fogo doce arde, arde, flameja. Então, ela que sabe que tudo vai acabar, pega a mão livre do homem, e ao prendê-la nas suas, ela doce arde, arde, flameja." (in "Onde estivestes de noite" - Clarice Lispector)

 
Boa noite blogueiros queridos,

Que saudade de escrever!

Estou em Milão, na Itália, e tanta coisa aconteceu até aqui. Estou de férias na Europa e tudo é maravilhoso. Gostaria de compartilhar com vcs alguns momentos especiais vividos em Paris e em Nice, na França.

Paris change me!
Paris mudou completamente o meu coração. Existe algo mágico naquela cidade, algo que não consigo explicar, mas tão forte que me fez abrir os olhos, os ouvidos e o coração para uma nova vida.
Não sei como, tampouco o porquê, mas me sinto uma nova mulher.
Após o impacto causado pela Torre Eiffel (algo que sonhei e tanto esperei), depois de passar o dia todo ouvindo música nas ruas, dentro dos trens, nas estações, sentei numa escadaria ao lado do rio Senna, na compania de dois amigos queridos, para ouvir um músico que ali estava.

A medida que Antony (sim conheci o cara pessoalmente, sim o beijei também, rsrsrs) cantava e tocava meu coração se aquecia e ali mesmo, no meio da galera, em Paris, no final da tarde comecei a chorar e a gargalhar compulsivamente.

Foi uma explosão de sentimentos. Senti uma alegria tão grande, mas tão grande, que não conseguia me conter! E uma paz, que não lembrava que existia.

Foi algo mágico!

Foi uma libertação.

Desde então me sinto diferente. Estou diferente. Estou feliz!
Sinto uma alegria e uma paz que pensei que nunca mais sentiria. E agora, eu SINTO! Não é incrível?!?!
Sou grata a Deus por isso. Por cada momento especial vivido aqui. Pela superação. Pela nova vida. Pela nova Sara Caroline.

Estou no 10ª dia da viagem e creio que muita coisa boa ainda está por vir e eu estou pronta pra viver isso e muito mais!

"... uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio 'apesar de' que nos empurra para a frente. Foi o 'apesar de' que me deu uma angústia que insatisfeita foi a criadora de minha própria vida." (Clarice Lispector)

E é com essa multidão de sentimentos bons e atropelados que sigo meus dias aqui. Que a novidade de mim mesma cresça dia a dia e eu me descubra tão feliz e tão incrível como até então não era.

Milhões de beijos queridos!

Muita paz e alegria pra todos nós!

Boa noite blogueiros queridos,

Que saudade de escrever!

Estou em Milão, na Itália, e tanta coisa aconteceu até aqui. Estou de férias na Europa e tudo é maravilhoso. Gostaria de compartilhar com vcs alguns momentos especiais vividos em Paris e em Nice, na França.

Paris change me!
Paris mudou completamente o meu coração. Existe algo mágico naquela cidade, algo que não consigo explicar, mas tão forte que me fez abrir os olhos, os ouvidos e o coração para uma nova vida.
Não sei como, tampouco o porquê, mas me sinto uma nova mulher.



Após o impacto causado pela Torre Eiffel (algo que sonhei e tanto esperei), depois de passar o dia todo ouvindo música nas ruas, dentro dos trens, nas estações, sentei numa escadaria ao lado do rio Senna, na compania de dois amigos queridos, para ouvir um músico que ali estava.

A medida que Antony (sim conheci o cara pessoalmente, sim o beijei também, rsrsrs) cantava e tocava meu coração se aquecia e ali mesmo, no meio da galera, no final da tarde comecei a chorar e a gargalhar compulsivamente.

Foi uma explosão de sentimentos. Senti uma alegria tão grande, mas tão grande, que não conseguia me conter! E uma paz, que não lembrava que existia.
Foi algo mágico!


0 A interferência do Tempo

sexta-feira, 1 de julho de 2011
"Há quem diga que o tempo não existe, que somos nós que o inventamos e tentamos controlá-lo com nossos relógios e calendários. Nem ousarei discutir esta questão filosófica, existencial e cabeluda. Se o tempo não existe, eu existo. Se o tempo não passa, eu passo. E não é só o espelho que me dá certeza disso.

O tempo interfere no meu olhar. Lembro do colégio em que estudei durante mais de uma década, meu primeiro contato com o mundo fora da minha casa. O pátio não era grande – era colossal. Uma espécie de superfície lunar sem horizontes à vista, assim eu o percebia aos sete anos de idade. As escadas levavam ao céu, eu poderia jurar que elas atravessavam os telhados. Os corredores eram passarelas infinitas, as janelas pareciam enormes portões de vidro, eu me sentia na terra dos gigantes. Volto, depois de muitos anos, para visitá-lo e descubro que ele continua sendo um colégio grande, mas nem o pátio, nem os corredores, nem as escadas, nada tem o tamanho que parecia antes. O tempo ajustou minhas retinas e deu proporção às minhas ilusões.

A interferência do tempo atinge minhas emoções também. Houve uma época em que eu temia certo tipo de gente, aqueles que estavam sempre a postos para apontar minhas fraquezas. Hoje revejo essas pessoas e a sensação que me causam é nem um pouco desafiadora ou impactante. E mesmo os que amei já não me provocam perturbação alguma, apenas um carinho sereno. E me pergunto como é que se explica que sentimentos tão fortes como o medo, o amor ou a raiva se desintegrem? Alguém era grande no meu passado, fica pequeno no meu presente. O tempo, de novo, dando a devida proporção aos meus afetos e desafetos.

Talvez seja esta a prova da sua existência: o tempo altera o tamanho das coisas. Uma rua da infância, que exigia muitas pedaladas para ser percorrida, hoje é atravessada em poucos passos. Uma árvore que para ser explorada exigia uma certa logística – ou ao menos um “calço” de quem estivesse por perto e com as mãos livres – hoje teria seus galhos alcançados num pulo. A gente vai crescendo e vê tudo do tamanho que é, sem a condescendência da fantasia.

E ainda nem mencionei as coisas que realmente foram reduzidas: apartamentos que parecem caixotes, carros compactos, conversas telegráficas, livros de bolso, pequenas salas de cinema, casamentos curtos. Todo aquele espaço da infância, em que cabia com folga nossa imaginação e inocência, precisa hoje se adaptar ao micro, ao mínimo, a uma vida funcional.

Eu cresci. Por dentro e por fora (e, reconheço, pros lados). Sou gente grande, como se diz por aí. E o mundo à minha volta, à nossa volta, virou aldeia, somos todos vizinhos, todos vivendo apertados, financeira e emocionalmente falando. Saudade de uma alegria descomunal, de uma esperança gigantesca, de uma confiança do tamanho do futuro – quando o futuro também era infinito à minha frente." (Martha Medeiros) 

Boa noite Blogueiros,

Sumi por uns dias e foi tudo uma loucura, mas valeu a pena, minhas férias começaram! Acabo de chegar em Bienne na Suíça. Começo agora a viver um sonho que muito lutei para realizar, e ainda não consigo acreditar que estou aqui!

Foram meses planejando a viagem, e mais tempo ainda juntando grana. Volto pro Brasil no finalzinho de julho, e já sinto saudades do que ainda estou pra viver aqui.

Nas últimas semanas, ou melhor, nos últimos meses tenho vivido uma reviravolta completa. Meu mundo desabou, me senti só e triste como nunca. "Perdi" aquele quem eu pensava - equivocadamente - ser o amor da minha vida. Tive todos os sonhos, ilusões e esperanças destruídas. Meu coração foi partido em tantos pedaços que desejei nunca ter conhecido o amor. Nunca.

Chorei, sofri, padeci. Me arrependi de tudo e ainda me arrependo. Senti raiva e ódio, despeito, dor e a maior desilusão da vida, mas SOBREVIVI. Sim, eu SOBREVIVI!
É estranho e surpreendente me deparar com a força que existe em mim. É algo que sequer sabia que existia. Me senti tão fraca e tola, e provavelmente fui. Mas, como disse a Martha Medeiros, o tempo altera o tamanho das coisas, a medida que cresço, vejo tudo do tamanho que realmente é, sem a condescendência da fantasia. Sim, agora, eu posso ver.

Eu cresci, tô crescendo e não tem sido nada fácil, todavia estou experimentando tantas coisas novas e únicas que só posso dizer que está valendo a pena.

Vou me despedindo de vcs queridos, porquanto o fuso horário bagunçou meu relógio biológico e já está bem tarde por aqui... Sempre que possível atualizarei o blog e postarei algumas fotos da viagem.

Paz pra gente. Tudo o que mais quero.

Bisou! Bisou!