Não era amor, era um superlativo fantasioso da realidade.

segunda-feira, 6 de junho de 2011
Olá blogueiros queridos,
Antes de tudo quero que leiam o texto abaixo, extraído do livro Os Quatro Amores de C.S. Lewis, em seguida tecerei alguns comentários...
"De Vênus, o ingrediente carnal no íntimo de Eros, volto-me agora para Eros como um todo. Veremos aqui repetido o mesmo padrão. Como Vênus em Eros não almeja realmente o prazer, também Eros não visa a felicidade. Podemos julgar que o faz, mas uma vez feito o teste o resultado é outro.

Todos sabem que é inútil tentar separar amantes provando que seu casamento será infeliz. Não só pelo fato de que não irão acreditar em suas palavras, pois mesmo que acreditassem não seriam dissuadidos. Quando Eros está em nós essa é justamente uma de suas marcas: preferimos ser infelizes com o ente amado a ser felizes em quaisquer outros termos. Mesmo que os dois amantes sejam pessoas amadurecidas e experimentadas que saibam que corações partidos acabam por curar-se e possam prever claramente que, uma vez decididos a enfrentar a agonia da despedida, seriam certamente mais felizes dentro de dez anos do que o casamento em vista provavelmente os faria - mesmo assim não se separariam.

Todos esses cálculos são irrelevantes para Eros - da mesma forma que o julgamento brutal de Lucrécio é irrelevante para Vênus. Mesmo quando se toma claro, além de qualquer subterfúgio, que a união com o ser amado não trará felicidade quando não pode nem mesmo professar oferecer qualquer outro tipo de vida além de cuidar de um inválido incurável, da pobreza sem esperanças, do exílio ou da desgraça - Eros jamais hesita em dizer: “Antes isto do que a separação. Melhor ser miserável com ela do que feliz sem ela. Deixe que nossos corações se partam, desde que se partam juntos”. Se a voz em nosso íntimo não disser isto, não é a voz de Eros.

Esta a grandiosidade e o mal do amor.

(...) No esplendor de Eros é que se ocultam as sementes do perigo. Ele falou como um deus. Sua entrega total, sua desconsideração impetuosa da felicidade, sua transcendência da auto-consideração, soam como uma mensagem do mundo eterno. Ele não pode porém, em sua posição natural, ser a voz do próprio Deus. Pois Eros, falando justamente com essa grandiosidade e manifestando essa transcendência do “eu”, pode impelir tanto para o mal como para o bem. Nada é mais superficial do que a crença de que o amor que leva ao pecado é sempre qualitativamente inferior - mais animal e mais trivial - àquele que leva ao casamento cristão fiel e produtivo.

O amor que leva a uniões cruéis e perjuras, até mesmo a pactos suicidas e assassinato, nem sempre é produto da sensualidade exacerbada nem do sentimento mal aplicado. Pode ser muito bem Eros em todo o seu esplendor, legitimamente sincero, pronto para qualquer sacrifício menos a renúncia.

(...) Eros, porém, honrado sem reservas e obedecido incondicionalmente, toma-se um demônio. E é justamente assim que ele alega ser honrado e obedecido. Divinamente insensível ao nosso egoísmo, ele é também demonicamente rebelde a qualquer reivindicação de Deus ou do homem que possam opor-se a ele.

(...) E o tempo todo a pilhéria trágica é que este Eros cuja voz parece falar do reino eterno não é, ele mesmo, nem sequer necessariamente permanente, pois notoriamente é o mais mortal de nossos amores. O mundo ressoa com as queixas sobre a sua volubilidade. O que confunde é a combinação desta inconstância com seus protestos de permanência. Estar amando é tanto pretender como prometer fidelidade por toda a vida. O amor faz juramentos não solicitados, não podendo ser impedido de fazê-los. “Serei sempre fiel” são quase as primeiras palavras que profere. Não com hipocrisia, mas sinceramente. Nenhuma experiência irá curá-lo dessa ilusão. 
(...) Eros porém num certo sentido tem o direito de fazer esta promessa. A ventura de estar amando é de tal natureza que estamos certos em rejeitar como intolerável a idéia de que, o acontecimento talvez seja transitório. De um só pulo ele transpôs a parede espessa do nosso “eu”; tornou altruísta o apetite em si, jogou para o alto a felicidade pessoal como uma trivialidade e plantou os interesses de outrem no centro de nosso ser. Espontaneamente e sem qualquer esforço cumprimos a lei (em relação a uma pessoa) de amar nosso próximo como a nós mesmos. Trata-se de uma imagem, uma antecipação, do que devemos tornar-nos para todos se o próprio Amor imperar em nós sem um rival. Existe até mesmo um preparo para isso. Deixar de amar novamente é - se posso inventar essa feia palavra - uma espécie de desredenção.

Eros é impelido a prometer o que Eros por si mesmo não pode cumprir."

 
Olá novamente queridos.
Lendo o livro de Lewis, meditando sobre minha própria vida, falando com Deus, amigos (incluo vc chéri) e a Dra. Jolie, cheguei a importantes conclusões.

Não amei o ex. Estive apaixonada. Completamente, perdidamente, insanamente, tresloucadamente - é verdade, mas não era amor, era paixão.

De acordo com o Wikipédia  "a paixão (do verbo latino, patior, que significa sofrer ou suportar uma situação dificil) é uma emoção de ampliação quase patológica. O acometido de paixão perde sua individualidade em função do fascínio que o outro exerce sobre ele. É tipicamente um sentimento doloroso e patológico, porque, via de regra, o indivíduo perde parcialmente a sua individualidade, a sua identidade e o seu poder de raciocínio."

Ainda, de acordo com o Wikipédia:

"O sentimento exacerbado entre duas pessoas, é um exemplo de uma paixão. A paixão pode ultrapassar barreiras sociais, diferenças de formação, idades e gêneros. A paixão completamente correspondida causa grandiosa felicidade e satisfação ao apaixonado, pelo contrário qualquer dificuldade para atigir essa plenitude pode trazer grande tristeza pois o apaixonado só se vê feliz ao conseguir o objeto de sua paixão. A paixão é uma patologia amorosa, um superlativo fantasioso da realidade sobre o o outro, tendo em vista que o indivíduo apaixonado se funde no outro, ou seja, perde a sua individualidade, que só é resgatada quando na presença do outro. 

Com o passar do tempo, essa intensidade de fusão vai se esvaindo, tendo em vista que a paixão é uma idealização mítica do outro. Quando o apaixonado começa a perceber que essa idealização, com o passar do tempo, foi equivocada, porquanto o outro não se comportava dentro do perfil de expectativas idealizado miticamente pelo apaixonado, é gerada uma intensa frustração, que passa a ser vivenciada com intensa irritabilidade pelo então apaixonado. 

Desta forma, o apaixonado vai percebendo o equívoco que cometeu, pela recorrência das frustrações no tocante às suas expectativas fantasiosas pelo outro, objeto da paixão e o processo começa então a regredir, a se inverter, com a paulatina volta e reforço da identidade do ex-apaixonado, que passa a enxergar o outro como ele realmente é, o que, via de regra pode até gerar um sentimento inverso de extrema repulsa, pelos sofrimentos suportados." (Sic, grifei).

Com o perdão da expressão gente: PUTA QUE PARIU! 

É ISSO! É EXATAMENTE ISSO! 

Foi uma maldita paixão! Nunca foi amor! Eu achei que fosse, tinha certeza (uma certeza equivocada), mas na verdade era o eros bandido, destruidor de corações. E putz! Como saber disso é bom! Quão libertador é! Eu estava cega, totalmente cega, não de amor, mas de paixão, P-A-I-X-Ã-O.

Sabe, todo santo dia me diziam que era questão de tempo pra desencanar desse malfadado relacionamento, e eu ficava indignada porque esse tempo não chegava, mas agora chegou.

O meu tempo chegou.

Só quero registrar meu OBRIGADO ao ex pelo "empurrãozinho" dado. Vê-lo com a garota com quem estava me traindo, tão pouco tempo tempo depois que terminamos foi destruidor, mas igualmente libertador. Naquele fátidico sábado, ele conseguiu numa tacada só MATAR TODO E QUALQUER SENTIMENTO BOM que havia preservado no meu coração.

Por isso, obrigado ex. Apesar da pior dor do mundo que me causou, sinto agora um alívio tão grande por saber que vc nunca existiu de verdade! Vc foi apenas uma mentira inventada, uma bela mentira, mas só isso. Vc não é bom, doce e amável como fingiu (e me enganou) ser. Vc nunca me amou, só me usou, me iludiu, me traiu e quando se cansou, me descartou, como se eu não fosse nada, como se eu não valesse nada, e me substituiu pela primeira leviana que apareceu. Vc ex, é apenas uma pessoa vazia e egoísta, que não ama ninguém a não ser vc mesmo.

Graças a Deus, a terapia e as pessoas que me amam de verdade, não precisei de mais 21 dias pra esquecer essa paixão, com cara de amor, só precisei conhecer o ex real para então reconhecer que sou muito melhor sem ele.

Não era amor, era só paixão.

Bjo, bjo e mais bjo.

2 comentários:

CIELLO Says:
7 de junho de 2011 às 15:50

me identifiquei... mas no meu caso, a paixão não passou de beijos.... tardes de domingo e desilusões... será que amo ou será paixão? ainda nos encontramos mas sei que ele me vê de outra forma... e ele tem um caso com um vizinho (casado,pai de 2filhos)...
Eu só entro em encrenca!! Que acha dessa situação acima? tenso!

Nos gostamos mais que amigos... mas... não sei onde vai...

adorei o blog, seguindo e favoritado!

Srta. Caroline Says:
8 de junho de 2011 às 08:20

Olá Ciello, seja bem vindo ao blog =] Tb sigo o seu.

Bem, qd se trata de coração td é complicado e na maior parte das vezes não entendemos o que se passa conosco. Eu por exemplo, ainda me surpreendo com os sentimentos que tenho pelo ex, eles sofrem uma mutação constante e, talvez, tb seja assim com vc.

O amor facilmente oculta as sementes do perigo e nós, os amantes, estamos sempre ali na berlinda do coração e infelizmente, não sei o que fazer para nos levar a um lugar seguro e livre de riscos. O amor sempre envolve riscos.

Sorte pra vc.