Os quatro amores

sábado, 7 de maio de 2011
Bonsoir blogueiros bonitos e queridos!
Como foi sua semana?
Novidades?
Eu tenho algumas...

Na última terça-feira, 05.04, fui ao show da Maria Gadú com um amigo muito especial. Críticas e reclamações sobre a organização, som e horário a parte. Apesar dos pesares, gostei muito da Gadú tímida e oscilante no palco, mas com sua inconfundível voz, doce e inebriante. Sou fã!

O trabalho foi estupefante! Termino a semana exausta e só quero dormir.
A dança, como sempre maravilhosa! O tango então... saio da aula exausta, porém, incrivelmente contente pela constante evolução do movimento. Bomdemais!
Amizade nova... poupa as palavras não é?!

Saudade da Dra. Jolie. Essa semana não pudemos nos encontrar, em decorrência de uma cirurgia que ela precisou fazer, mas na segundona, às 7h da matina, estarei lá, pronta pra falar, falar e falar, e saber dela tb.

Queria compartilhar com vc o trecho de um livro que estou lendo atualmente e que tem me aberto os olhos pra muita coisa... "Os quatro amores" de C.S. Lewis.

No livro, Lewis distingue a necessidade de amor (como o amor de uma criança para sua mãe) e o amor do depreendido-amor (epitomizado aqui de Deus pela humanidade).

Explica as naturezas mais básicas do amor até as mais complicadas, que a princípio, se parecem. Em consequência, Lewis formula a fundação para seu tópico (“o mais elevado não fica sem o mais baixo”) explorando a natureza do prazer, e divide então o amor em quatro categorias, baseadas nas quatro nas palavras gregas para o amor: afeição, amizade, eros e caridade.

Quero transcrever um trecho do 3º capítulo: Afeição, que me fez refletir bastante. Espero que goste.

"(...) O que temos não é o “direito de esperar” mas uma “expectativa razoável” de sermos amados pelas pessoas mais próximas, se nós e elas somos mais ou menos comuns. Talvez, porém, não sejamos. É possível que sejamos intoleráveis. Quando somos,a “natureza” trabalha contra nós. Isso ocorre porque as mesmíssimas condições de intimidade que tornam possível a Afeição também tornam possível - e com a mesma naturalidade - uma repulsa peculiarmente incurável; um ódio tão imemorial, constante, unilateral e às vezes inconsciente, como a forma correspondente de amor.

Siegfried, na ópera, não podia lembrar-se de época alguma em que cada um dos resmungos, movimentos impacientes e o arrastar dos pés do seu enfezado pai adotivo não lhe fossem odiosos. Como no caso da afeição, nunca percebemos o momento em que surge esse ódio. Sempre existiu. (...)

Seria absurdo dizer que falta Afeição ao rei Lear. Na medida em que a Afeição é Amor-Necessidade, ele a tem em excesso. A não ser que, à sua maneira, ele amasse suas filhas, não desejaria tão desesperadamente o amor delas. Os pais menos dignos de amor (assim como os filhos) podem estar cheios desse amor voraz. Mas esse amor coopera com a infelicidade do amado e de todos os outros. A situação se torna sufocante. Quando as pessoas já são inamáveis, a exigência contínua da parte delas (como se de direito) de ser amadas — seu senso manifesto de injustiça, suas
acusações, quer em voz alta e clamorosas ou simplesmente implícitas em cada olhar e cada gesto de auto-piedade ressentida - produzem em nós uma sensação de culpa (sendo
essa a sua intenção) por um erro que não poderíamos evitar e que não deixaremos de cometer.

Elas fecham o acesso a mesma fonte em que desejam beber. Se algum dia, em algum momento especial, surge um átomo de Afeição por elas, passam a exigir ainda mais o que nos petrifica de novo. E, como é natural, tais indivíduos sempre desejam a mesma’ prova de nosso amor; devemos colocar-nos do seu lado, ouvir e partilhar toda a
sua queixa contra alguém mais. Se meu filho realmente me amasse ele veria como seu pai é egoísta... se meu irmão me amasse tomaria meu partido contra minha irmã... se você me amasse não permitiria que fosse tratado deste modo.

E não percebem em momento algum o verdadeiro caminho. “Se quer ser amado, seja amável”, disse Ovídio. Aquele velho e alegre réprobo queria dizer apenas: “Se quer atrair as garotas, seja atraente”, mas a sua máxima tem uma aplicação mais ampla. O galanteador era mais sábio em sua geração do que o Sr. Pontifex e o rei Lear.

O que realmente surpreende não é que essas exigências insaciáveis dos inamáveis sejam feitas algumas vezes em vão, mas que com freqüência sejam satisfeitas. (...)

Assim, o caráter “espontâneo” ou imerecido da Afeição, suscita uma odiosa interpretação errônea. O mesmo se pode dizer de sua naturalidade e informalidade."


Foda né?!
Perceber que o amor-necessidade corrói tudo de bom que existe num relacionamento é horrível. Só espero que junto com o relacionamento, tenha acabado igualmente esse tipo de amor na minha vida...

Bjo, bjo, bom sábado e muita reflexão.

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