Filme: Uma Prova de Amor

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Ontem decidi ir ao cine, sozinha, depois do trabalho, pra dar uma relaxada, e tive a felicidade de assistir um dos filmes mais fantásticos e emocionantes dos últimos tempos: "Uma Prova de Amor".
Verdadeiramente, fui surpreendida por esse romance.
É magnífico!
Um drama que remonta todas as emoções de forma singular.
[Chorei do começo ao fim (rs)]. Era exatamente isso que eu procurava há tempos no cinema, e não encontrava.
Portanto, sugiro. Assista! Vale muitíssimo a pena.
Irei vê-lo ainda, outra vez.
Como não sou crítica de cinema, encontrei algo na net. Peço licença, para transcrever aqui. Leia, se inspire e não perca mais tempo. Vá agora mesmo ao cine e deleite-se, com o melhor!

BjO!
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O cineasta Nick Cassavetes volta aos cinemas com um drama que mexe com todas as emoções do espectador e, mesmo carregando uma trama sensível, é densa. "Uma Prova de Amor" é um dos melhores dramas do ano e merece ser assistido.

Filho do renomado John Cassavetes, conhecido por seu trabalho autoral no cinema americano, Nick Cassavetes tem se tornado referência com os bons dramas que traz às telas. O principal deles, até agora, é "Diário de uma Paixão", romance encantador que certamente deve dividir as atenções na filmografia do diretor com este "Uma Prova de Amor". Baseado no livro best seller escrito por Jodi Picoult, Cassavetes faz uma leitura incrível da fragilidade do ser humano e da dificuldade em perder aquilo que é importante. Aliás, o longa transita por tantas outras temáticas que é complicado defini-lo em uma só. De qualquer forma, estão lá os atritos familiares, a juventude acabada de forma prematura, o questionamento do que é amar, o poder dos pais sobre os filhos, a incapacidade de aceitar a morte e tantas outras vertentes que demonstram pessoas fracas e egoístas sentimentalmente.

A trama escrita por Cassavetes e Jeremy Leven emociona por inteiro. Anna Fitzgerald (Abigail Breslin) tem 11 anos e decide processar os pais Sara (Cameron Diaz) e Brian (Jason Patric) para impedir que eles continuem usando o corpo dela na tentativa de salvar a vida de Kate (Sofia Vassilieva), irmã de Anna que tem um câncer muito raro. Para defender Anna na corte, Campbell Alexander (Alec Baldwin) aceita os 700 dólares que a garota tem a oferecer para que o caso possa seguir. A obsessão de Sara em salvar a filha doente, que agora precisa de um rim para ganhar mais tempo de vida, faz com que a família foque tanto no câncer da menina que, de certa forma, neglicencie não só Anna, mas também seu irmão Jesse (Evan Ellingson). Assim, a vida de todos é alterada pelo pedido de emancipação médica de Anna e agora eles precisam lutar contra a ideia de que a família chegou aos limites da sensatez e precisam procurar forças para aceitar o destino.

O mais impressionante no roteiro de "Uma Prova de Amor" vem juntamente com a direção de Cassavetes. Aliados texto e câmera, o longa exibe uma sensibilidade tão forte que é praticamente impossível não se emocionar logo na sequência inicial quando Anna narra que foi uma criança "feita por encomenda". Da mesma forma, o andamento do filme traz situações mágicas, sempre cercada de uma sensação definitiva, como se todos aqueles personagens estivessem prestes a perder tudo, mas que eles não estão preparados para isso. O que poderia virar um melodrama exagerado, ganha apenas em sentimentalismo, sem nunca extrapolar no teor dramático de suas sequências.

No primeiro ato do filme, Cassavetes se utiliza da narração em off das diferentes visões de cada personagem da família Fitzgerald. O recurso é utilizado de forma correta para acrescentar, logo no começo, o que cada personagem sente. Assim, é possível associar as atitudes futuras deles com a forma que cada um é atingido com a história. Entretanto, a primeira falha do longa reside em não se utilizar mais dessa alternativa, já que a partir do segundo ato há um desvio narrativo que foca mais no romance vivido por Kate enquanto tratava de seu câncer. Além de perder a estrutura narrativa do início, o argumento do filme também sofre um desvio e esquece do motivador de tudo aquilo, que foi o processo judicial levantado por Anna. Por mais que o romance de Kate possa justificar muita coisa em sua vida, ele desvirtua o que outrora foi apresentado; logo sendo retomado no terceiro ato, quando há o julgamento do caso. Essa quebra desagrada, mas mesmo assim o filme não deixa de ser rico em conteúdo.

O que poderia ser visto como defeito, é suprido imediatamente por outros atrativos do longa, principalmente pelo incrível elenco que Cassavetes reuniu. Abigail Breslin tira a atenção de todos quando está em cena, se mostrando mais madura e diferente de seus papéis anteriores, como em "Pequena Miss Sunshine" e "A Ilha da Imaginação". Breslin tem um potencial cênico incrível, atuando como uma estrela de longa data. Em um determinado momento, ela enfrenta os pais ao justificar o por quê do processo judicial, e simplesmente faz uma das cenas mais naturais e fantásticas do filme. Ao lado de Breslin, Sofia Vassilieva interpreta Kate de uma forma apaixonante. Alternando momentos de tristeza, felicidade, alívio, docilidade, e segurança, Vassilieva conquista de cara e não transforma sua personagem em uma coitada. Ainda no elenco juvenil, Evan Ellingson, mesmo tendo pouco tempo em tela em relação a Breslin e Vassilieva, sabe mostrar toda a confusão que passa devido aos abalos da estruturação familiar.

Entre os atores mais experientes, Cameron Diaz tem mais uma vez a oportunidade de se distanciar das comédias e o faz com glória. Diaz já mostrou parte do seu potencial dramático em "Vanilla Sky", por exemplo, mas aqui tem a oportunidade de interpretar uma mãe descontrolada que é capaz de tudo, inclusive passar por cima de sua filha, para manter a outra viva. O personagem de Jason Patric funciona de uma forma mais caricatural no começo, como o marido que não questiona tanto os atos da esposa, mas depois se revela mais interessante em cena. No elenco secundário ainda temos Alec Baldwin, com um toque canastrão, mas que conquista o público justamente por se aliar à personagem de Breslin; além da participação especial de Joan Cusack, sempre competente e segura.

A história beneficia esse elenco grandioso justamente por trazer a cada um deles um sentimento, uma importância, uma razão. Nenhum dos citados é esquecido quanto às dificuldades que já passaram em suas vidas e as motivações que os levam a seguir por determinados caminhos. Todos os personagens são interessantes, todos acrescentam e trazem carga dramática para a trama. Com essa eficácia incrível do roteiro, não tem como não se emocionar com o que eles narram, dialogam e vivem. As lágrimas são possíveis por suas trajetórias, sempre regadas a uma trilha sonora belíssima que transita por Jeff Buckley, Regina Spektor, James Blunt, entre outros.

Assim como "Diário de uma Paixão", Cassavetes cria outro drama pesado e belo, que mesmo com seus defeitos, não perde a inspiração. "Uma Prova de Amor" questiona até onde o ser humano é capaz de fazer por uma pessoa que ama e até onde esse amor é saudável. Um drama denso e que leva facilmente às lágrimas, o filme é uma das melhores películas que estrearam este ano em circuito e imperdível para quem gosta de grandes histórias.

Crítica disponibilizada no site: www.cinemacomrapadura.com.br

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