Tão Próximo - Quasar Cia. de Dança

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

No último dia 05.12.10, assisti o novo espetáculo da Quasar Cia. de Dança, “Tão próximo”, e amei. De acordo com a própria Quasar, o espetáculo:

“foi concebido no território limítrofe das sutilezas, onde relacionamentos apresentam contornos tênues, instigantes e misteriosos quanto à sua natureza. Na iminência de se definirem, modificam-se para ressurgirem com novas nuances.
Não há solos. Tudo se consuma na presença do outro.
A fisicalidade media um exercício permanente de relações possíveis.
Corpos que se tocam como forma de expressão fundamentada nas qualidades do movimento contínuo. Porque ciclos se fecham, mas não se encerram, necessariamente.”

É verdade.
A apresentação foi M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-A. Como sempre! Porém, faltou a luz do Camilo. E como.

Foi através dele que me apaixonei pela dança contemporânea. Foi pela forma ímpar como se expressa, pela leveza de seus movimentos, pela gentileza peculiar dispensada a cada fã (como a mim, por exemplo, rsrsrs) que me levou a admirar e seguir a companhia por anos a fio. Infelizmente, esse querido não tá mais aqui no Brasil, foi iluminar outras pessoas com sua dança, lá pelas bandas da Holanda... e que seja muito feliz, onde quer que esteja!


Mas voltando ao espetáculo “Tão próximo”, não podia deixar de registrá-lo aqui, mesmo que passado alguns dias. Foi lindo. Demais.
O namorado foi junto. Primeira vez dele (rs). Achou tudo muito diferente, mas gostou. E não podia ser de outro modo.

De fato, verifiquei rostinhos diversos, bailarinos novos, ar fresco, puro e revigorante. Entretanto, o estilo singular do Henrique Rodovalho (diretor artístico e coreógrafo, desde os tempos da fundação da companhia, isso há uns 22 anos) estava lá, marcante, presente, supreeendente!

Ah eu adoro!

E tanta coisa me marcou nesse domingo, do dia 05.12, refleti tanto...
Foi a proximidade do meu aniversário (exatos dois meses), a dúvida entre fazer uma viagem ou ficar quieta mesmo, a inconstância do namoro e do amor, a vida espiritual, os afazeres profissionais, enfim...

E ali, cada minuto do espetáculo era como uma agulhada no meu coração.

A forma como os corpos se tocavam, se misturavam, se separavam, se desencontravam, se entreolhavam... a música ou a falta dela; a luz, ora brilhante, ora obscura; tudo, tudo falava comigo.


Senti meus poros abertos, pedintes, ansiosos por compreensão, por ouvidos, por boca, por cheiro e toque.

Me senti em outro lugar; era como se meu corpo fosse deixado na cadeira e meu coração participava de tudo, ativamente, no palco.
O espetáculo horas depois acabou, e tudo em mim aflorou.
Foi o despertar de uma carência, de uma necessidade, de um sofrimento, um desespero, tão grande, tão latente, tão devastador... e eu me vi só, completamente só. O namorado estava do meu lado, o tempo todo, mas é como se não estivesse, e é como sinto invariavelmente...

Falar disso hoje, me faz reviver todos esses sentimentos outra vez. A mesma dor no peito, o mesmo nó na garganta, a mesma indecisão sobre minha vida e tudo que nela há.

Sabe, a arte reproduz a vida, bem como suas intempéries.
Percebo que, muitos ciclos na minha vida, apesar de fechados, não se encerraram e nem sei se algum dia irão se encerrar.

Vou terminar o post, porque não sei mais o que escrever. Voltei a me perder em tantos pensamentos, momentos vividos, fases, que não dá mais pra continuar. Quem sabe outra hora volto a falar disso.

Quem sabe.

Bjo, bjo

0 comentários: