A interferência do Tempo

sexta-feira, 1 de julho de 2011
"Há quem diga que o tempo não existe, que somos nós que o inventamos e tentamos controlá-lo com nossos relógios e calendários. Nem ousarei discutir esta questão filosófica, existencial e cabeluda. Se o tempo não existe, eu existo. Se o tempo não passa, eu passo. E não é só o espelho que me dá certeza disso.

O tempo interfere no meu olhar. Lembro do colégio em que estudei durante mais de uma década, meu primeiro contato com o mundo fora da minha casa. O pátio não era grande – era colossal. Uma espécie de superfície lunar sem horizontes à vista, assim eu o percebia aos sete anos de idade. As escadas levavam ao céu, eu poderia jurar que elas atravessavam os telhados. Os corredores eram passarelas infinitas, as janelas pareciam enormes portões de vidro, eu me sentia na terra dos gigantes. Volto, depois de muitos anos, para visitá-lo e descubro que ele continua sendo um colégio grande, mas nem o pátio, nem os corredores, nem as escadas, nada tem o tamanho que parecia antes. O tempo ajustou minhas retinas e deu proporção às minhas ilusões.

A interferência do tempo atinge minhas emoções também. Houve uma época em que eu temia certo tipo de gente, aqueles que estavam sempre a postos para apontar minhas fraquezas. Hoje revejo essas pessoas e a sensação que me causam é nem um pouco desafiadora ou impactante. E mesmo os que amei já não me provocam perturbação alguma, apenas um carinho sereno. E me pergunto como é que se explica que sentimentos tão fortes como o medo, o amor ou a raiva se desintegrem? Alguém era grande no meu passado, fica pequeno no meu presente. O tempo, de novo, dando a devida proporção aos meus afetos e desafetos.

Talvez seja esta a prova da sua existência: o tempo altera o tamanho das coisas. Uma rua da infância, que exigia muitas pedaladas para ser percorrida, hoje é atravessada em poucos passos. Uma árvore que para ser explorada exigia uma certa logística – ou ao menos um “calço” de quem estivesse por perto e com as mãos livres – hoje teria seus galhos alcançados num pulo. A gente vai crescendo e vê tudo do tamanho que é, sem a condescendência da fantasia.

E ainda nem mencionei as coisas que realmente foram reduzidas: apartamentos que parecem caixotes, carros compactos, conversas telegráficas, livros de bolso, pequenas salas de cinema, casamentos curtos. Todo aquele espaço da infância, em que cabia com folga nossa imaginação e inocência, precisa hoje se adaptar ao micro, ao mínimo, a uma vida funcional.

Eu cresci. Por dentro e por fora (e, reconheço, pros lados). Sou gente grande, como se diz por aí. E o mundo à minha volta, à nossa volta, virou aldeia, somos todos vizinhos, todos vivendo apertados, financeira e emocionalmente falando. Saudade de uma alegria descomunal, de uma esperança gigantesca, de uma confiança do tamanho do futuro – quando o futuro também era infinito à minha frente." (Martha Medeiros) 

Boa noite Blogueiros,

Sumi por uns dias e foi tudo uma loucura, mas valeu a pena, minhas férias começaram! Acabo de chegar em Bienne na Suíça. Começo agora a viver um sonho que muito lutei para realizar, e ainda não consigo acreditar que estou aqui!

Foram meses planejando a viagem, e mais tempo ainda juntando grana. Volto pro Brasil no finalzinho de julho, e já sinto saudades do que ainda estou pra viver aqui.

Nas últimas semanas, ou melhor, nos últimos meses tenho vivido uma reviravolta completa. Meu mundo desabou, me senti só e triste como nunca. "Perdi" aquele quem eu pensava - equivocadamente - ser o amor da minha vida. Tive todos os sonhos, ilusões e esperanças destruídas. Meu coração foi partido em tantos pedaços que desejei nunca ter conhecido o amor. Nunca.

Chorei, sofri, padeci. Me arrependi de tudo e ainda me arrependo. Senti raiva e ódio, despeito, dor e a maior desilusão da vida, mas SOBREVIVI. Sim, eu SOBREVIVI!
É estranho e surpreendente me deparar com a força que existe em mim. É algo que sequer sabia que existia. Me senti tão fraca e tola, e provavelmente fui. Mas, como disse a Martha Medeiros, o tempo altera o tamanho das coisas, a medida que cresço, vejo tudo do tamanho que realmente é, sem a condescendência da fantasia. Sim, agora, eu posso ver.

Eu cresci, tô crescendo e não tem sido nada fácil, todavia estou experimentando tantas coisas novas e únicas que só posso dizer que está valendo a pena.

Vou me despedindo de vcs queridos, porquanto o fuso horário bagunçou meu relógio biológico e já está bem tarde por aqui... Sempre que possível atualizarei o blog e postarei algumas fotos da viagem.

Paz pra gente. Tudo o que mais quero.

Bisou! Bisou!

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